sexta-feira, 25 de março de 2011

Psicologia e Cinema.

SINOPSE


Justin Cobb (Lou Taylor Pucci) seria um adolescente comum se não fosse o fato de que nunca conseguiu parar de chupar o dedo. Aos 17 anos, após ter tentado de tudo para se livrar do vício, ele finalmente resolve o problema através da hipnose feita pelo seu dentista, que tem ambições a psicólogo. O verdadeiro problema, porém, está apenas começando. Justin continua compensando suas frustrações pela boca, consumindo todo e qualquer tipo de droga, de maconha a remédios antidepressivos. Filho de pais que nunca saíram da adolescência, ele vai ter de aprender a crescer sozinho, nem que seja à força.


ASSUNTO

Compulsão, relações familiares, sociais, afetivas, psicodiagnóstico

O título original é Thumbsucker, que significa chupador de dedo. O pai, identificado com aquele ato regressivo do filho, agia com brutalidade tentando coibi-lo, simplesmente, através de repreensões e pressões. São reações consideradas inadequadas que inibem aquilo que ele está tentando comunicar através do ato, suas ansiedades e conflitos. A escola, por sua vez, também se apressa em diagnosticar a dificuldade do menino em se concentrar, como TDAH, déficit de atenção e hiperatividade. É prescrito, então, Ritalina, um medicamento usado para esses casos. A pílula mágica encobre, então, a angústia que aquele menino revelava, e que não se reduzia de forma alguma a um problema de atenção e concentração, sinais que estavam presentes. Manter atenção a coisas do mundo externo é algo que fica prejudicado, quando alguém está às voltas com conflitos, temores ou depressões. Tratar isso como um simples problema de atenção, ou então como hiperatividade, pode ser um erro grave e injusto, o que tem ocorrido com grande freqüência na atualidade. O contato com o outro é experiência essencial para o ser humano, pois é através dela que constituímos a identidade. Em toda relação, desde a que acontece com a mãe, até todas as outras que se estabelecem durante a vida, há que se buscar um espaço suficiente para contato e separação. O filme nos convida a refletir sobre as relações humanas.O processo de construção de sua identidade se desenrola no filme. Algo se descortina quando se atravessa o espaço propiciado pela fase da adolescência. Um leque de possibilidades se abre e junto, um medo de vivê-los. Após instalado, despertado o conflito através da negação, da recusa em refazer os dentes de seu paciente, Perry Lyman (funcionando como terapeuta?!?!?), frustrou o adolescente e a si mesmo. E, a partir da frustração, outra solução há de ser buscada. Nosso leque de opções se revela, encontramos outras formas de estar no mundo, diferente daquele mecanismo automático de defesa, que nos paralisava até então. Algumas mudanças começam a acontecer, processo de tornar-se quem é.

Este é o mundo de Justin: a transição entre (os conceitos) normalidade e anormalidade. E o grande ganho da história é justamente ir subvertendo esses parâmetros. Seja com o dentista em busca de redenção, a mãe em busca de futilidade e sonhos, um irmão em busca de atenção, um pai lidando com a frustração diária e a garota "certinha e gostosa" do colégio, correndo riscos e experimentando sensações fora do "normal". O filme mostra como cada um é único em suas complexidades. Ao acreditar - por ter sido diagnosticado - ser doente, Justin começa a tomar um remédio (Speed), dito como uma droga que se diferencia da cocaína apenas por 3 tipos de moléculas. A base de estimulantes Justin se torna ativo, falante e desenvolve sua capacidade de raciocÍnio.. E é ai que mora o mérito do filme. Na transição desta passagem Justin começa a compreender e questionar sua família e os que o rodeiam. Entra em choque com o pai, dúvida da mãe, experimenta drogas, prática sexo, bebe álcool e dialoga com o irmão. Um pós-adolescente normal, com todos os problemas básicos pertinentes a essa faixa etária. " (...) Quando Justin começa a encarar sua vida "de frente" surge uma oportunidade que o fará mudar de vida. Nesse momento o filme toca fundo, porque ás vezes quando nos tocamos do que temos - ou tivemos - ao redor, já não há mais tempo para aproveitar. Perdemos o momento da descoberta do outro. Cada um segue seu caminho e embora resida nessa confirmação muita tristeza e solidão é justamente nela que se encontra a grande magia da vida: a visualização de sua própria estrada.
 
Para finalizar, meu próximo post será de nº 100.

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