quinta-feira, 30 de junho de 2011

Hoje é dia de falarmos de Hipnose

APLICAÇÕES DA HIPNOSE
Segundo a própria Organização Mundial da Saúde, a grande maioria

das doenças têm origem psicossomática, isto é, começam a partir de
desequilíbrios emocionais que vão afetar o corpo físico.

Como já foi explicado anteriormente, a imaginação e as emoções
causam no organismo reações muito maiores que a própria vontade.


Antes de uma prova importante, como o vestibular, muitas pessoas vão
apresentar desarranjo nas funções intestinais, porque para elas a
expectativa acelera o movimento dos intestinos. Outras podem reagir
diferentemente, como as pessoas que ficam obstipadas ao viajar, como
se a função intestinal estivesse inibida longe de casa. E assim é com
vários outros órgãos, aparelhos e sistemas do organismo.


Os fenômenos que parecem guardar maior relação com a gênese
das doenças são as alterações do Sistema Imunológico e as alterações
do Tônus Vascular.


O Sistema Imunológico é o responsável pelas defesas do
organismo, e é extremamente complexo nas relações entre os seus
diversos componentes. Leucócitos e subtipos, tecido linfóide, baço,
timo, complemento, citocinas, prostaglandinas, histamina e vários
outros mediadores químicos. Teorias e tratados médicos tentam
explicar seu funcionamento e reações, e ainda permanece um campo
de estudos fascinante. É sabido, porém, que a mente influencia o
funcionamento das defesas do organismo. Tristeza faz adoecer,
possivelmente ao inibí-las. Ao contrário, fé e determinação predispõem
à recuperação. Mesmo a infecção mais grave começa com uma
pequena contaminação, e o próprio câncer com uma única célula
alterada.


Se você ficar assustado, seu rosto ficará pálido. Em qualquer
situação embaraçosa, corado. E da mesma forma no resto do corpo o
afluxo de irrigação sanguínea aos tecidos é determinado por diversos
mecanismos diferentes de regulação. Alguns são funcionais, como o
aparelho digestivo que durante o processo digestivo necessita de maior

perfusão sanguínea, ou os músculos que ficam túrgidos de sangue
durante o exercício. O stress e a ansiedade, entre outros mecanismos,
desencadeiam a produção endógena de catecolaminas que vão
aumentar a pressão arterial, a freqüência cardíaca e contrair os vasos
sanguíneos das vísceras. Tensão e traumas emocionais podem se
refletir como contraturas musculares localizadas que podem estrangular
a circulação em certos pontos. Sangue é vida. A circulação sanguínea
leva aos tecidos oxigenação, nutrientes e elementos do sistema
imunológico, e traz de volta para depuração toxinas e produtos da
excreção celular e metabolismo (radicais livres, por exemplo). É natural
e fundamentado acreditar que um órgão com déficit crônico de
circulação sanguínea se torne predisposto a adoecer.


Outro aspecto, este já bastante estudado, mas não esgotado, é a
maneira como os hábitos de vida afetam a saúde. Tabagismo,
sedentarismo, alimentação desregrada, uso abusivo de bebidas
alcoólicas, posturas inadequadas. Viver errado, desrespeitar o corpo
(que pode ser entendido como não amar o corpo), também levam a
adoecer.


O descrito acima é apenas uma breve fundamentação para explicar
como é possível a saúde mental influenciar a saúde física. Claro que
tudo é muito mais complicado do que isso. Sempre é. Já há muito
conhecimento acumulado nessa área, que só vem a somar, e não a
confrontar os estudos convencionais das outras especialidades
médicas.


A pessoa que está desatenta e predisposta à auto-agressão por
haver, digamos, brigado com os filhos, e vem a bater o carro. Quebra a
perna. Ainda vai precisar de raios X, imobilização e eventualmente
cirurgia muito mais do que de suporte psicológico.


A hipnose, que isso fique muito claro, é apenas mais um recurso
para promoção e restabelecimento da saúde.


Situações há em que ela é a primeira escolha no tratamento de
certa patologia. Em outras ela deve ser associada a outros tratamentos,
como medicações, por exemplo. Em ainda outras situações o papel
reservado à Hipnose deve ser o de aliviar sintomas.

A seguir estão relacionados diversos usos da

hipnose, selecionados a partir de minha experiência pessoal e da
literatura. Estão divididos, embora os limites sejam muitas vezes
imprecisos, entre aplicações médicas, psicológicas e odontológicas.

Em qualquer destas indicações, o tempo de tratamento e o sucesso,

ou não, são influenciados por diversos fatores: as patologias em si são
umas mais e outras menos passíveis de serem tratadas com hipnose; o
nível de transe e os fenômenos que podem ou não serem
desencadeados em determinado paciente; o envolvimento do paciente
com o tratamento, e, principalmente, os laços emocionais e sociais que
prendem o paciente a um sintoma ou patologia.


Como em todas as atividades humanas vitoriosas, não há milagres
ou magia. Há apenas que colher os frutos de um trabalho árduo e
persistente.


Aplicações Médicas


Muito do que o médico faz, mesmo que não tenha formação ou
conhecimentos sobre hipnose, é empregar de influência psicológica
sobre o paciente.


Mesmo nos incrédulos dias de hoje a figura do médico se associa ao
arquétipo do mágico, curandeiro e possuidor de conhecimentos
secretos. As pessoas buscam seu conselho em momentos de aflição e
sorvem suas palavras como vaticínios sobre seus destinos e caminhos.


As roupas brancas, o instrumental de exame médico, o vocabulário
diferenciado e a postura sóbria e segura que se espera de um bom
médico impressionam e revestem de importância seus atos e palavras.


Em qualquer consulta médica bem-sucedida verifica-se o aparecimento
de rapport. Tanto que muitos pacientes referem melhora apenas com a
presença e atenção do médico.


Os conselhos e orientações médicas são como que sugestões póshipnóticas,
bem como as informações sobre o prognóstico da doença,
que podem motivar o paciente para melhora ou mesmo piora. Substituir
a palavra médica de poder que pode ser instrumento terapêutico por
meras informações científicas inúteis ao leigo é desprezar o valor
histórico da função médica.


O médico que mostra segurança e autoridade quanto ao diagnóstico
e à efetividade do tratamento proposto muitas vezes está fazendo maior
bem do que a própria ação química do medicamento seria capaz.

Doenças Funcionais


Há um grande número de doenças em que não há exatamente lesão
ou comprometimento da estrutura de determinado órgão. Há
aparentemente um desvio ou desregramento da função, motivo pelo
qual estas doenças são conhecidas como doenças funcionais.


Este é o grupo de doenças em que a utilização da hipnose está
melhor indicado, chegando a apresentar excelentes resultados, que vão
do controle ou alívio dos sintomas até a cura.


Essas doenças estão no escopo de todas as especialidades
médicas, e a lista abaixo exemplifica algumas dessas situações.


Neurológicas: enxaquecas e outras cefaléias crônicas; certas
vertigens e tonturas; gagueira (tartamudez); tiques; zumbidos (tinnitus).


Aparelho Digestivo: gastrites; dispepsias; obstipações; certas
diarréias crônicas (Síndrome do Cólon Irritável); refluxo
gastroesofágico; halitose.


Aparelho Respiratório: asma brônquica; rinites alérgicas; roncos;
apnéia do sono.


Aparelho Genitourinário: enurese noturna (urinar na cama);


incontinência urinária; disúria funcional; dismenorréia; tensão prémenstrual;
impotência psicológica; frigidez; vaginismo; ejaculação
precoce; diminuição do libido.


Sistema Tegumentar (pele): urticária e outras alergias; doenças de
pele associadas a fatores emocionais.


Aparelho cardiovascular: hipertensão arterial (essencial); certas
arritmias cardíacas.


Doenças Orgânicas


Neste grupo incluem-se as doenças em que existe lesão estrutural
em certo órgão ou infecção por algum dos diversos tipos de organismos
patogênicos.


Aqui onde há dano estrutural estabelecido a hipnose pode ser um
tratamento adjuvante, isto é, auxiliar ao procedimento cirúrgico ou à
terapia medicamentosa indicada.

O emprego de técnicas hipnóticas pode ser extremamente benéfico

ao paciente para o alívio de sintomas, reduzindo a necessidade do uso
de medicações sintomáticas e seus efeitos colaterais. Sintomas como
náuseas e vômitos, dores agudas e crônicas, astenia (fraqueza),
inapetência (falta de apetite) e outros podem ser controlados com o uso
da hipnose e da auto-hipnose.


A prática da hipnose também pode predispor o organismo como um
todo para a cura, ao estimular os recursos de defesa do próprio corpo
do paciente.


Obviamente não se indica a hipnose como tratamento isolado ou
principal para doenças graves como o câncer. O paciente portador de
câncer, entretanto, que receber treinamento em hipnose, pode precisar
de menores doses de medicação analgésica, controlar melhor os
efeitos adversos dos tratamentos quimio e radioterápico, ter melhor
apetite e disposição geral, além de uma postura mais positiva frente à
doença e seu tratamento.


Analgesia de Dores Agudas e Crônicas


Toda dor tem dois componentes: um físico, devido à estimulação
das terminações nervosas pela lesão tecidual, e um psicológico, que
modula a percepção desta dor, freqüentemente amplificando a
intensidade da mesma.


Outros fatores, como ganhos emocionais ou sociais secundários à
dor e à doença podem perpetuar a sintomatologia mesmo quando o
componente físico já está solucionado.


É de domínio público a noção de que a dor é afetada pela situação.


Quanta dor alguém conseguiria sentir ao ver um filho precisando de
socorro, ou ao fugir de um leão faminto?


Aprender hipnose pode ajudar o paciente a conseguir alívio e
redução das doses de analgésicos. Em muitos casos, a hipnose isolada
soluciona o quadro álgico. A analgesia obtida com hipnose é efetiva
para todos os tipos de dor.


Lombalgias e outras dores de coluna, LER/DORT, fibromialgia,
causalgias, dor pélvica crônica, cervicobraquialgias, neuralgias como a
do trigêmio e ainda outras síndromes dolorosas respondem muito bem
à hipnose.

Anestesia para Procedimentos Cirúrgicos


Na literatura médica há muitos relatos de cirurgias até de grande
porte as quais foram realizadas com anestesia puramente hipnótica.


Em nosso meio tais estudos estão se iniciando e várias pequenas
cirurgias já foram efetuadas tendo a hipnose como método único de
anestesia.


Embora não existam estatísticas neste sentido, e os resultados
provavelmente variem muito para cada profissional, de minha
experiência pessoal, depreendo que aproximadamente 70% dos
pacientes em um grupo consigam produzir a anestesia necessária para
submeter-se confortavelmente a cirurgias de pequeno porte. Para as
cirurgias de médio a grande porte é impossível fazer estimativas, uma
vez que ainda não se incluem em minha experiência. Importante
considerar, entretanto, que dos tecidos sensíveis à dor, a pele é o mais
sensível, especialmente nas regiões mais ricamente inervadas, como
as extremidades dos dedos das mãos e dos pés, e que os pacientes
que não sentem dor ao submeter-se a cirurgias nestas regiões, em
teoria estariam aptos a submeter-se a qualquer tipo de cirurgia.


Mesmo que a anestesia química seja empregada, o
condicionamento prévio do paciente com hipnose certamente reduziria
em muito as doses de medicação a serem utilizadas.


Obviamente a anestesia com hipnose é um método experimental
que não substitui a anestesia convencional. Há considerações e
questionamentos a serem feitos. Estudos e experiências. A anestesia
química é efetiva em todos os pacientes. Não sem complicações:
toxicidade das medicações, reações alérgicas e variações nas
respostas individuais às drogas, acidentes no controle das vias aéreas,
laceração de meninges e raízes nervosas, lesões de plexos e nervos
periféricos, necessidade de cuidados especiais na recuperação pósanestésica,
dor relacionada ao próprio procedimento anestésico, como
na punção lombar e outros. A conclusão é que a anestesia hipnótica
merece estes estudos para que, se comprovada sua efetividade, seja
mais um recurso à disposição do anestesista para beneficiar seu
paciente.


Além da anestesia há outros fenômenos hipnóticos que podem ser
úteis durante uma cirurgia. É possível o controle do posicionamento do
paciente e do nível de relaxamento muscular mediante
sugestionamento. Também é interessante mencionar que o paciente
em hipnose sangra muito menos, e que a hemostasia (controle do

sangramento) pode ser realizada muito mais facilmente.


Pode-se optar em certos pacientes mais responsivos entre mantêlos
adormecidos, acordados e colaborativos, ou em estado dissociado
(imaginando que estão fazendo outras coisas).


O paciente pode ser acordado imediatamente após a cirurgia e a
analgesia pós-operatória pode ser efetuada também com hipnose.


Conforme mencionado no capítulo III, Esdaile em suas cirurgias já
percebeu evidências de redução das complicações e mais rápida
recuperação nos pacientes operados sob hipnose.


Atualmente, os maiores especialistas em anestesia com hipnose são
odontólogos, em cuja área de atuação a hipnose encontra-se mais
difundida. Tal fato será exposto mais longamente em momento
oportuno.


Hipnose em Obstetrícia


A obstetrícia é a área da medicina que mais vem utilizando hipnose,
com resultados excelentes.


A hipnose é útil em todas as fases da gestação, com benefícios para
a mãe e o feto. Mesmo a futura mãe pouco responsiva à hipnose vai
beneficiar seu filho nos momentos de relaxamento, nos quais há um
incremento da circulação placentária, o que por si só já indicaria o seu
emprego.


Freqüentemente, porém, há vantagens ainda maiores a serem
obtidas:


-controle da hiperemese gravídica (vômitos da gravidez);


-alívio das dores lombares;


-maior disciplina na alimentação evitando ganho excessivo de peso;


-profilaxia da DHEG (doença hipertensiva da gestação);


-melhora da labilidade emocional associada à gravidez;


O parto é uma função fisiológica normal. Durante o parto a hipnose
pode ajudar:


-promovendo analgesia, relaxamento muscular e tranqüilidade (parto


sem dor);
 
-diminuindo a incidência de distócias e outras complicações;



-ao reduzir a ansiedade, facilita a circulação e oxigenação do bebê,
que nascerá róseo e corado (reduz o sofrimento fetal no parto).


Ainda durante o parto, o que ocorre normalmente é a contração
uterina e expulsão do feto contra um períneo retesado e contraído,
levando invariavelmente a roturas que são evitadas através da
episiotomia (corte que o médico faz no períneo). Em pacientes
selecionadas, em que se obtém relaxamento ótimo do períneo, estes
cortes se tornam desnecessários.


O controle do sangramento uterino e a analgesia pós-parto podem
ser efetuados com hipnose.


Após o parto, pode-se estimular a lactação e utilizar a hipnose como
profilaxia da depressão pós-parto.


A favor do emprego da hipnose ainda pesam outras situações, como
o fato de que muitas das medicações administradas à mãe, como
sedativos e analgésicos, atingem o bebê, pela placenta ou mais tarde,
pela amamentação. Os procedimentos atualmente empregados em
analgesia de parto, como o catéter epidural, apresentam certo
desconforto e não são isentos de complicações.


Muitos obstetras já têm empregado a hipnose, beneficiando muitas
gestantes e nascituros.


Tratamento da Insônia


Embora a hipnose seja diferente do sono, é realmente muito, muito
fácil passar do estado hipnótico para o sono fisiológico. Por esse
motivo, produzir condicionamentos hipnóticos ou ensinar auto-hipnose
ao paciente podem efetivamente resolver ou melhorar muito sua
qualidade de vida.


O sono tem uma arquitetura toda especial, e é constituído de
diversas fases, todas essenciais e indispensáveis para a recuperação
do desgaste diário das funções mentais e do organismo como um todo.


Os medicamentos para dormir afetam sempre negativamente esta
arquitetura, diminuindo a qualidade do sono. Eles freqüentemente
também viciam, ao induzir tolerância e dependência. São ótimos
medicamentos, quando bem indicados pelo médico e com
acompanhamento e reavaliação freqüente.

A hipnose, entretanto, é obviamente mais natural e preferível aos

medicamentos naqueles pacientes que forem responsivos. E serão
muitos.


Outros distúrbios do sono também podem ser tratados com hipnose:


-falar dormindo;


-andar e fazer coisas dormindo (sonambulismo);


-pesadelos;


-bruxismo (ranger os dentes enquanto dorme);


-terror noturno (acordar gritando);


-roncos e apnéia do sono (em certos pacientes);


-alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas.


Tratamento da Obesidade


Não se perde peso da noite para o dia. Pelo menos não sem impor
riscos e agredir o organismo com cirurgias desnecessárias, dietas
rigorosas e prejudiciais ou medicamentos perigosos. E mesmo assim
tais resultados raramente são duradouros.


As diferenças entre uma pessoa obesa e uma magra vão muito além
do que a balança e o espelho registram.


O tratamento baseado em hipnose propõe uma reestruturação da
personalidade, na qual magreza e elegância acompanham mudanças
profundas e definitivas na relação do indivíduo com o mundo.


Há que se diferenciar e tecer comentários sobre a obesidade
mórbida. Esta entidade é um aumento tão acentuado de peso, em que
ocorre um comprometimento do aparelho cardiovascular e risco de vida
ao paciente. Para o tratamento desta doença tem sido empregado nos
últimos anos tratamento cirúrgico que vem mostrando excelentes
resultados. A capacidade do estômago é reduzida e eventualmente
segmentos do intestino são ressecados. Essa cirurgia salva vidas. Esse
paciente, entretanto, vai passar por mudanças drásticas em sua vida e
na sua imagem corporal, e necessita de apoio e suporte psicoterápico,
que pode envolver hipnose com grandes benefícios.


O que preocupa é a realização deste procedimento drástico por
motivos estéticos e muitas vezes fúteis, o que vem acontecendo com
cada vez maior freqüência. Efeitos secundários graves, como
incapacidade de eructação, necessidade de alimentação fracionada em

pequenas quantidades, desnutrição e outros. Riscos de complicações
associadas à cirurgia, como infecções e acidentes no procedimento
anestésico. Profissionais motivados pelo lucro e que cometem infração
ética. Como cometem infração ética ainda outros, ao prescrever
fórmulas contendo altas doses de anfetaminas, hormônios tireoideanos,
diuréticos, laxantes e calmantes, com prejuízos à saúde física e mental
de seus pacientes, por vezes definitivos. E ainda cirurgiões plásticos
que realizam cirurgias desnecessárias, às vezes várias em um único
paciente, que na verdade necessitava de suporte psicológico para
melhorar a auto-estima, tratar neuroses ou aceitar a progressão
inexorável do tempo, aproveitando cada fase da vida como ela é.


A função do médico é dar ao paciente o que ele precisa, a partir de
um diagnóstico, e não o que o paciente deseja.


Mas quase todas as vezes saúde e beleza andam lado a lado.


Um corpo saudável e exercitado vai exibir músculos e formas
graciosas, e não acúmulo de gordura. Uma pessoa equilibrada vai
desfrutar de tudo que a vida oferece sem exageros ou compulsões. Vai
sentir prazer com a atividade física e o movimento. E a vaidade natural,
o desejo de parecer belo aos semelhantes, é uma aspiração legítima
desde que temperada com amor e respeito ao corpo, e não com
desespero.


Através do emprego de técnicas hipnóticas é possível estimular e
desenvolver comportamentos que levem em direção a um
aprimoramento do corpo.


Pode-se reestruturar a interação entre o indivíduo e sua
alimentação, promovendo alterações saudáveis na qualidade e
quantidade. Pode-se também estimular a prática desportiva, com
assiduidade, envolvimento e prazer. O organismo pode ser predisposto
a mudanças e ao emagrecimento.


Muito importante para quem realmente quer mudar é a melhora da
auto-estima e o estudo dos laços sociais e familiares e da função da
obesidade (sim, função) nas suas estratégias e relacionamentos.


Quando a pessoa muda o corpo, ela também muda
psicologicamente e o mundo em que ela vive muda, passando a
responder de maneiras diferentes a ela agora que ela é magra. E mais
atraente. Corpo tem tudo a ver com sexo. Ser gordo é uma maneira de
lidar com sexo. E aqui entram tantas variações individuais quanto os
tons da cor do mar.
 
O fato é que uma pessoa obesa talvez suporte situações que não

vai precisar suportar quando for magra. Mas quando for magra vai ter
de lidar com outras coisas.


Ela vai mudar física e psicologicamente. Laços vão se romper. Vão
se abrir possibilidades. Muitos se assustam e preferem ficar onde
estão.


A hipnose também não vai fazer você perder peso da noite para o
dia. Na verdade não vai fazer nada por você, ou no seu lugar. A
hipnose é um recurso efetivo como suporte e auxílio à sua decisão
inflexível de modificar hábitos e assumir a responsabilidade pelo seu
destino.


Muitos pacientes realmente conseguem, aprendendo hipnose e
exercitando a persistência, ganhar uma figura mais elegante e esbelta –
passaporte para um mundo de possibilidades.
 
Continua na proxima semana...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

6 Tipos de ciúmes

Os ciúmes manifestam-se em todas as relações, com mais ou menos frequência, com mais ou menos intensidade – daí a importância de perceber de que tipo de ciúmes se trata: inocente ou possessivo? Saudável ou doentio?




1.Ciúmes inocentes: uma pitada de ciúme nunca fez mal a ninguém, nem é o suficiente para colocar um ponto final em qualquer relação. É perfeitamente normal uma mulher sentir ciúmes ao ver o namorado a folhear uma revista com fotografias da sua actriz preferida e elogiar os seus muitos atributos; o mesmo se diz de um homem que não pode negar o ciúme que se manifesta quando a namorada sai para jantar só com as amigas num vestido de arrasar. Inocentes e inofensivos, este tipo de ciúme apenas demonstra o amor que se sente por outra pessoa.

2.Ciúmes saudáveis: se um membro do sexo oposto aprecia abertamente o seu parceiro(a) à sua frente, é natural que sinta uma pontada de ciúmes, mas esse acaba por ser um sentimento simultaneamente ciumento e de orgulho porque, embora ele/ela seja alvo de atenção de outro homem ou mulher, é consigo que está. Curiosamente, este tipo de ciúmes tem a tendência de aproximar os casais.

3.Ciúmes românticos: diz-se muitas vezes que o ciúme é uma resposta protectora, cognitiva, emocional e comportamental a qualquer fator externo que possa ameaçar um relacionamento a dois. No caso dos ciúmes românticos, essa ameaça é a existência de uma terceira pessoa (real ou imaginária) e a simples ideia de que possa existir uma atração entre ela e o seu parceiro(a), desencadeia um turbilhão de pensamentos, sentimentos e acções que são manifestadas em contexto de ciúme.

4.Ciúmes sexuais: este tipo de ciúme tem na sua base o conhecimento ou a suspeição de que o seu parceiro(a) já teve, fantasiou ter ou deseja ter relações sexuais com uma terceira pessoa.

5.Ciúmes emocionais: neste caso, a pessoa ciumenta sente-se ameaçada pelo envolvimento ou ligação emocional e/ou amor do seu companheiro(a) por uma terceira pessoa, que tanto pode ser uma amiga ou amigo, um familiar ou colega de trabalho.

6.Ciúmes obsessivos: quando ao sentimento de ciúme se junta a obsessão em saber todos os passos que o seu parceiro(a) dá sem si, os ciúmes numa relação atingem um nível mais perigoso e pouco saudável. A obsessão com a pessoa amada e o medo de a perder pode não só levar aos ciúmes possessivos e a um controle excessivo sobre essa pessoa, como pode conduzir a agressões verbais e físicas.

E só para fecharmos esse post, eu achei isso na internet que também achei interessante...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Psicologia e Cinema

Cisne Negro pelo Olhar

Junguiano.


Alguns termos estão grifados em vermelho. Esses termos são conceitos da psicologia analítica e são explicados no final do texto. Quem não tem familiaridade com o significado desses conceitos vale a pena ir até o final do post.


Para quem já assistiu, talvez esse post ajude no entendimento de alguns elementos do filme, afinal ele é um thriller psicológico, dirigido por Darren Aronofsky e que se utiliza de elementos da psicologia junguiana para dar corpo ao desenvolvimento da personagem principal, a bailarina Nina.
O filme começa com um sonho de Nina (interpretada por Natalie Portman): ela fazia o papel principal no balé “O Lago dos Cisnes”. O sonho tinha um ar sombrio, e lá aparecia Rothbart, um mago que se apresentava como uma ave negra. Talvez um verdadeiro prenúncio psíquico do processo de transformação (Individuação*) que a bailarina viveria. No sonho ela é uma mulher que foi transformada em um cisne, e que só o amor do príncipe poderia quebrar esse feitiço. Mas o príncipe se apaixona pelo cisne negro, e então o cisne branco se mata.

E essa acaba sendo a história do filme. Mas o que eu gostaria de colocar aqui é que a beleza dessa história aparece quando vemos seu desenrolar não como algo concreto e externo, mas sim como um processo psicológico que vai se apresentando através de símbolos.

No mesmo dia em que teve o sonho ela vai a companhia de Ballet. No caminho, muito sutilmente, podemos perceber que ela vê seu reflexo na janela do metrô de uma forma diferente. Nesse momento vemos a projeção de sua Sombra* em sua imagem, como se fosse outra pessoa.

Nina demonstra um comportamento infantil, inocente, é muito ligada à mãe (e a seus desejos) e perfeccionista. A mãe é superprotetora, uma ex-dançarina que deixou o sonho de tornar-se uma bailarina famosa quando sua filha Nina nasceu. Por aí já percebemos o quanto a personagem principal vive em função dos desejos da mãe. Ela é a representação da busca pela perfeição.


A personagem tem um andar rígido. Ao chegar no ballet fica sabendo que o diretor Thomas (Vincent Cassel) fará uma versão de “O Lago dos Cisnes” e que procura uma bailarina que seja capaz de representar o cisne branco e o cisne negro. Nessa versão ele almeja uma execução visceral.

Nina é uma bailarina com muita técnica, disciplina, mas com pouca espontaneidade e sensualidade. Thomas sabe que ela seria certa para o papel do cisne branco, mas duvida de sua capacidade para fazer o cisne negro, justamente por sua atitude engessada e infantil.

Depois dos testes, a bailarina vai conversar com o diretor, e esse sempre a provoca, inclusive sexualmente, para que sua aluna desenvolva as características que estão em sua sombra – sensualidade, agressividade, espontaneidade – enfim, o lado visceral que Thomas quer apresentar em sua montagem de “O lago dos cisnes”. Nina nessa conversa é beijada “a força” pelo diretor e o morde nos lábios. E é essa atitude que lhe garante o papel principal. É como se nesse momento Thomas tivesse enxergado em Nina um pouco daquilo que ele buscava.

Os ensaios começam. A personagem é pressionada fisicamente e emocionalmente pelo diretor, por sua mãe superprotetora, pelas colegas com inveja e pela presença de sua rival – uma bailarina excitante e visceral – interpretada por Mila Kunis. Em suas costas a pele vai sendo marcada (provavelmente por ela mesma) no lugar do crescimento de suas “futuras asas”. A pele tem toda uma questão com o contato. É um órgão que expressa nossas angústias e transformações.

A personagem de Mila Kunis é aquilo que Nina não é. É a personificação de sua sombra. E é se aproximando dessa rival durante uma noite que Nina vai experimentando a integração de sua sombra. Ela vai se despojando de sua Persona* perfeitinha para ser aquilo que é. Rompe com a mãe, transgride o “politicamente correto”, vive sua sexualidade, e vai se tornando uma mulher. Em uma cena as duas bailarinas transam – no delírio de Nina – e simbolicamente esse seria o momento da consumação da integração com a sombra.

Nessa altura do filme a personagem parece estar perdendo sua capacidade de discernir realidade de fantasia. Concretamente seria como se a bailarina estivesse entrando em um quadro psicótico. Simbolicamente sua transformação está a mil, seus aspectos sombrios lhe trazem força, e seu Animus* (representado pelo diretor do Ballet) lhe impulsiona para tornar-se inteira.


Durante a noite de estréia Nina vive entre a realidade e a fantasia. Sua execução é perfeita e ousada, é como se encarnasse nos palcos tanto o cisne negro quanto o cisne branco. Em seu delírio seu corpo vai se transformando, adquirindo asas no lugar de braços, penas, olhos, enfim, ela é o cisne. E no final da apresentação, quando o cisne branco sobe as escadas para se matar vemos um disco dourado ao fundo – símbolo do Self* – e ali se expressa o momento mais lindo de todos. A morte do ego, o encontro com o self e a percepção da personagem de que sim, ela foi perfeita. Essa morte quando é vista como algo simbólico se torna algo divino, lindo, o próprio amor que salva… ali seu inconsciente se realizou.

A perfeição não está em desempenhar perfeitamente um papel. A perfeição é ser inteiramente aquilo que se é. Lembrem-se: só podemos crescer para o lado que ainda não fomos. Essa é uma história sobre transcender o meramente humano.

O filme trabalha muito com as cores atribuídas ao processo de individuação também: o preto (nigredo) que simboliza o estado de confusão, o branco (albedo) que representa um estado de maior clareza da psique e o vermelho (rubedo) que aparece na cena final, com o sangue da bailarina, que representa o estado de iluminação e realização da psique.

Termos:


* individuação: processo de desenvolvimento psíquico, que diz respeito à integração do consciente com o inconsciente. É quase como se fosse um caminho para a iluminação.

* sombra: personificação de aspectos do psiquismo que são rejeitados pelo indivíduo. É aquilo que somos e que não combina com a persona.

* persona: é a forma como nos apresentamos ao mundo. Podemos dizer que é um personagem, mas nem sempre temos a consciência de que somos mais do que papéis.
* animus: personificação masculina na mulher, faz a ponte entre o ego e o self.

* self: centro organizador da psique, representa a totalidade e a unidade do ser.

Espero que tenham gostando dessas 3 sextas e 3 abordagens sobre esse filme.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Hoje é dia de falarmos de Hipnose

HISTÓRICO


Práticas que guardam relação com a hipnose acompanham todas as
populações humanas em todos os tempos. Geralmente na forma de
magia e superstições; talismãs e amuletos. Muitas ervas e poções
poderiam ter maior efeito psicológico do que propriamente na química
do organismo. Sortilégios, simpatias e encantamentos. A crença de que
certas pessoas teriam poderes especiais sobre os outros, levando-as a
serem temidas ou adoradas. Bênçãos, maldições e rezas. Feitiços.

Mas na história da civilização ocidental houve um momento especial
no qual utilizar-se de influência psicológica sobre outro indivíduo para
curar tornou-se objeto de estudos científicos. E isso foi controverso; e
espetáculo; e contestado e por fim esquecido. Então renascido e
tornado no que hoje é a moderna ciência da Hipnose. Essa trajetória se
confunde com a vida e obra de homens de grande visão e capacidade.
O precursor da hipnose é Mesmer.

Franz Anton Mesmer (1734-1815)

Mesmer postulou a teoria de que o Universo era preenchido por um
fluido invisível e de natureza magnética, que emanaria das estrelas e
influenciaria os fenômenos físicos e os organismos vivos. Tal fluido
também teria como fonte os ímãs (magnetismo mineral) e os seres
vivos (magnetismo animal). Defendia que as doenças eram um
desequilíbrio na distribuição deste fluido e elaborou técnicas para
produzir curas.

Mesmer formou-se em medicina em Viena em 1766. Seu trabalho foi
fortemente influenciado pelo sucesso e notoriedade do padre jesuíta
Maximilian Hell, então Astrônomo Real em Viena, que produzia curas
pela imposição de magnetos sobre o corpo dos pacientes. Tais
magnetos poderiam eventualmente ter a forma do órgão que necessitava de tratamento. Outra grande influência foi o também padre Jean-Joseph Gassner, que efetuava imposição das mãos e tocava os
doentes com um grande crucifixo de metal, expulsando os demônios e
restabelecendo a saúde em muitos casos. Mesmer explicava essas
curas com a sua teoria do magnetismo animal e mineral.

Ele próprio começou aplicando ímãs sobre os pacientes, e mais
tarde chegou à conclusão que eles eram desnecessários. Afirmava que
o magnetismo animal que emanava de suas mãos poderia produzir
resultados ainda melhores.

Mesmer aplicava “passes magnéticos” ao longo do corpo do
paciente, sem tocá-lo, enquanto explicava que isso alteraria o fluxo de
energia e que a pessoa ficaria “magnetizada”. Em tempo variável, às
vezes superior a uma hora, poderiam aparecer os efeitos.

Muitos pacientes sofriam convulsões, caindo ao solo gritando ou em
movimentos violentos e involuntários. Após isso passariam a um estado
de rigidez que eventualmente durava horas. Ao acordar referiam
melhora ou até mesmo cura completa das afecções que os acometiam.

Sua fama se espalhou na mesma velocidade que as críticas e as
acusações de charlatanismo. Mudou-se para Paris em 1778.

Para poder atender mais pacientes, Mesmer projetou e construiu um
aparelho que consistia numa tina cheia de limalha de ferro da qual
saíam bastões de vidro. Mesmer “magnetizava” a limalha de ferro com
movimentos de suas mãos. Os pacientes sentavam em torno da tina
segurando os bastões de vidro e tocando a pessoa próxima.
Acreditava-se que estariam saturando o organismo de magnetismo e
que isso seria benéfico.

Mesmer treinou assistentes e, como assim mesmo não conseguia
atender a todos que o procuravam, conta-se que “magnetizou” uma
árvore de seu jardim, de tal forma que os pacientes que a tocassem
poderiam entrar em transe e até mesmo obterem cura.

Em 1784, a pedido do rei da França, foi formada uma comissão de
cientistas que incluía nomes como Benjamim Franklin e o químico
Lavoisier para estudar a veracidade dos fatos.

A comissão reproduziu os experimentos de Mesmer com sucesso.
Entretanto, verificaram que os pacientes não saberiam diferenciar os
objetos que haviam realmente sido magnetizados ou não, e que
poderiam responder mesmo a objetos que não houvessem.

Concluiu-se que não existia magnetismo animal e que os fenômenos

eram apenas imaginação dos pacientes.

Mesmer foi denunciado por fraude e desacreditado.

Abade Faria (1756-1819)

Padre português que explicava os fenômenos do mesmerismo
através da concentração , e não do magnetismo.

Sobre sua técnica, conta-se que observava fixamente o paciente por
um tempo, e então ordenava que dormisse. Observou que 3 em cada 5
pacientes entravam em sono mesmérico.

Reputa-se a ele o desenvolvimento do “signo-sinal” e o uso de
“sugestões pós-hipnóticas”
Apontou sabiamente: ”Parece que os homens podem ser
encantados para a doença e encantados para a saúde.”.

James Braid (1795-1860)

Braid foi um médico inglês. Oculista.

São devidos a ele o termo hipnose e a técnica de indução de transe
pela fixação do olhar.

Na verdade ele deparou-se com o fenômeno hipnótico por acaso. Ao
pedir a um paciente que fitasse uma luz para que ele estudasse os
reflexos pupilares, necessitou ausentar-se da sala. Quando retornou,
encontrou-o no que reconheceu como um transe mesmérico.

Ele já tinha conhecimento teórico sobre o mesmerismo e tinha
mesmo presenciado demonstrações.

No decorrer de seus estudos, entendeu a hipnose como um
fenômeno neurofisiológico e percebeu que a fixação do olhar apenas
cansa a pessoa e a torna mais predisposta a cooperar com as
sugestões verbais.

Num primeiro momento, achou que o que acontecia era muito
semelhante ao sono fisiológico, então formulou o termo hipnose a partir
do grego hypnos, que significa sono. Mais tarde tentou reformular o
termo (para monoideísmo), mas a palavra hipnose já estava muito difundida e associada definitivamente ao fenômeno. Assim como a luz, os objetos brilhantes, pêndulos e as espirais girando.

Elliotson (1791-1868)


Professor de medicina em Londres, famoso por ter introduzido a
utilização do estetoscópio na Inglaterra. Interessou-se pelo
mesmerismo, o que lhe trouxe grandes prejuízos à reputação e à
carreira. Foi responsável por grande difusão da hipnose na prática
médica através da publicação do jornal intitulado “The Zoist”.

James Esdaile (1808-1859)

Médico escocês que trabalhava na Índia.

Tomou conhecimento do hipnotismo através de um artigo no “The
Zoist”, e começou a realizar cirurgias de portes variados em Calcutá
usando a hipnose como anestésico. Naquela época ainda não existia
anestesia química.

Em 1850, publicou “Mesmerismo na Índia”, com o relato de 250
cirurgias variadas onde a hipnose fora utilizada como anestesia, não
deixando de apontar também reduções significativas nas taxas de
mortalidade, morbidade e complicações pós-operatórias.

De volta à Inglaterra, foi ridicularizado pelos colegas. Alguns
duvidavam de seus feitos. Outros acreditavam que a dor era desígnio
divino e não devia ser suprimida.
Radicou-se na Escócia, onde eventualmente efetuava cirurgias sob
hipnose.

Escola de Nancy

Ambroise-Auguste Liébault

Hippolyte Bernheim
Ambroise-Auguste Liébault (1823-1904) e Hippolyte Bernheim
(1843-1917), médicos franceses, estabeleceram os alicerces da
hipnose que se pratica em nossos dias. Definiram o estado hipnótico
como uma função normal da personalidade sadia e desenvolveram
técnicas de indução baseadas no relaxamento e bem-estar. Trataram
cerca de 10.000 pacientes em sua clínica gratuita. Em 1886, Bernheim
publicou o valioso “Suggestive Therapeutics”.

Jean-Martin Charcot (1825-1893)


Efetuou estudos sobre hipnose, embora limitados a poucos
pacientes histéricos.

Foi o primeiro a apresentar uma classificação para a profundidade
dos estados hipnóticos, dividindo-os em 3 estágios: catalepsia, letargia
e sonambulismo.

A Decadência da Hipnose

O advento da anestesia química e o entusiasmo com a psicanálise
de Freud relegaram a hipnose por décadas ao estado de pseudociência
e espetáculo circense.

Neste período, ainda alguns nomes merecem citação, embora a
descrição de suas obras não seja compatível com o porte do presente
trabalho. São eles Ivan Pavlov (1849-1936) e Pierre Janet (1849-1947).

Após a Segunda Guerra Mundial, o interesse científico pela hipnose
voltou a surgir, mesmo no Brasil, através dos cursos ministrados pelo
argentino Torres Norry em 1955.

Milton Hyland Erickson (1901-1980)

Milton Erickson foi o maior expoente da hipnose no século XX. A sua
lúcida compreensão acerca das nuances do fenômeno e sua técnica
refinada lhe renderam fama e reconhecimento mundial, e um grande
avanço à hipnose como ciência.

Erickson foi vítima da poliomielite aos 17 anos de idade, à qual
sobreviveu com seqüelas importantes. Era restrito a uma cadeira de
rodas, e em certos períodos, mesmo a sua fala era dificultosa. Sua
característica mais marcante era, entretanto, sua aguçada capacidade
de observação.

Antes da prática clínica diária, ele próprio costumava submeter-se a
prolongado período de auto-hipnose. Costumava tratar vários pacientes
ao mesmo tempo, revezando-os em uma cadeira que era a “cadeira do
transe”. Sua fala era lenta e entrecortada por longas pausas e
reticências.

Ao invés das sugestões diretas tradicionais, que se assemelham a

ordens, usava metáforas e outras figuras de linguagem para abordar
seus pacientes. Acreditava que as sugestões indiretas produziam
melhores resultados, por evitar as resistências conscientes.

Sua terapia era centrada nas soluções e não nos problemas, de tal
forma que o objetivo mais freqüente do tratamento era eliciar no
indivíduo o desenvolvimento de determinada característica, sempre
levando em conta os recursos e competências que o paciente já
possuía.

Freqüentemente designava “tarefas” cheias de significados ocultos.

Orientava os pacientes independentemente do grau ou estágio de
hipnose que estes eram capazes de atingir, e parecia dotado de
recursos inesgotáveis para influenciá-los.

As induções eram muitas vezes específicas para determinada
pessoa, com as características constantes de serem permissivas e
maternais.

Sua técnica de indução mais famosa era a “Levitação das Mãos”.

Vários de seus alunos deram continuidade ao seu trabalho, cada um
centrando suas sistematizações em aspectos diferentes da hipnose
praticada por Erickson.

Denomina-se hoje Hipnose Ericksoniana àquelas terapias em que
predominam elementos ensinados por Erickson ou apreendidos da
observação do seu trabalho.

A Hipnose Hoje, no Brasil e no Mundo

Em 1955 a Associação Médica Britânica emitiu relatório favorável ao
ensino médico e prática da hipnose, no que foi seguida em 1958 pela
Associação Médica Americana.

No Brasil, a legislação em vigor é pautada em decretos
presidenciais da década de 60, que outorgam a prática da hipnose a
médicos, psicólogos e odontólogos, cada qual em seu campo de
atividade. Também condenam-se os espetáculos públicos de hipnose
sem finalidades científicas.

Em todos os continentes, a hipnose está em progresso e difusão. Há

cada vez mais profissionais se capacitando a exercê-la e mais
pacientes se beneficiando com isso.
Dia a dia se acumulam conhecimento e novas técnicas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

10 sinais que está a ser controlado por um ciumento(a)

Não será errado afirmar que, no início de qualquer relação, tudo é um mar de rosas e só após algum tempo é que começam a surgir os espinhos. No caso dos ciúmes, estes até podem ser saudáveis e inofensivos, mas é preciso saber quando é que deixam de ser inocentes. Conheça os sinais de perigo.


1.Interrogatórios excessivos. As pessoas que têm muitos ciúmes do seu companheiro(a) têm por hábito questioná-lo acerca de tudo o que se passou no seu dia ou numa saída com amigos. Os interrogatórios são longos e até aborrecidos porque a pessoa ciumenta quer saber tudo o que aconteceu – até ao mais pequeno detalhe – durante o tempo em que não estiveram juntos.

2.Comentários sobre a forma como se veste. Este é um clássico, principalmente quando surge repentinamente e pode incluir desde comentários negativos sobre roupa que não lhe fica bem (mesmo que fique) a “proibições” claras sobre o que pode ou não vestir, sendo que muitas vezes a pessoa ciumenta admite que apenas pode vestir determinada roupa quando sai com ele/ela.

3.Escolta pessoal para todo o lado. Os ciúmes também se manifestam através da vontade e insistência contínua para acompanhar ou levar o companheiro(a) a todo e qualquer lugar, mesmo aos mais habituais ou desinteressantes. Há quem faça questão de ir buscar o seu parceiro(a) ao trabalho, simplesmente porque não quer que ele/ela vá tomar um café com os colegas de escritório no final do dia, por exemplo.

4.Dezenas de telefonemas diários. Se todos os dias recebe dezenas de telefonemas ou SMS do seu namorado(a) a perguntar onde está, o que faz, com quem, até que horas e porquê… o mais provavel é estar sendo controlado por uma pessoa ciumenta. Não confunda preocupação com possessão.


5.Zanga-se se olha para alguém do sexo oposto. Por norma, quem tem ciúmes – seja homem ou mulher – sofre de baixa auto-estima/auto-confiança e vive com receio de perder o seu parceiro(a), ou seja, o simples facto de olhar para alguém do sexo oposto (mesmo que seja inocentemente), é o suficiente para desencadear uma cena de ciúmes. Para além disso, muitas vezes, a pessoa ciumenta acusa o seu companheiro(a) de estar a observar outro homem ou mulher, mesmo que não esteja.


6.Interferência na vida social. As relações amorosas são apenas uma parte da vida social de qualquer pessoa, que geralmente inclui ainda amigos, família e passatempos pessoais. As pessoas ciumentas tentam muitas vezes minar os planos do seu companheiro(a) porque, para além de terem medo de estarem ou de ficarem sozinhos, não gostam da ideia do seu parceiro(a) fazer planos e divertir-se sem ele/ela. É habitual fazerem planos mesmo sabendo que o namorado(a) já tem algo combinado, mas obrigam-no a desmarcar os seus. Aos poucos, podem tentar afastar o seu parceiro(a) de todas as outras pessoas que fazem parte da sua vida.

7.Discussões frequentes. Numa relação em que uma das partes é ciumenta, as discussões são frequentes e intensas, normalmente por “pequenos nadas” e alastrando para cenas de ciúmes desproporcionadas. Estas discussões podem ainda ser marcadas por um tom dominante por parte da pessoa ciumenta, que pode mesmo ameaçar verbal ou fisicamente o outro(a).

8.Vigilância constante. Quem é ciumento procura controlar cada passo dado pelo seu parceiro(a) – desde verificar as chamadas e SMS do celular, até ler os emails e abrir o correio, passando por mexer na carteira, bolsos de casacos e até segui-lo. Pode estar a ser controlado se o seu parceiro(a) aparecer frequentemente de “surpresa” no local onde costuma almoçar com os colegas de trabalho ou se se cruzarem por “coincidência” no sítio onde combinou tomar café com um amigo(a).


9.Acusações de infidelidade. Mais do que ter ciúmes, as pessoas ciumentas têm necessidade de os comunicar, ou seja, qualquer situação – trabalhar até tarde, um almoço de família ou uma má disposição – que obrigue os elementos do casal a estarem separados, serve para a pessoa ciumenta acusar o outro(a) de ser infiel.


10.Cenas de ciúmes. Uma relação marcada pelo ciúme é invariavelmente marcada por cenas de ciúmes e estas tanto podem ser em privado, como em público. Porém, se cada saída acaba por ser estragada por um ataque de ciúmes – independentemente de estarem rodeados de amigos, familiares ou estranhos – é porque alguém estava a controlar alguém, em vez de desfrutar da sua companhia.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

6 Coisas que despertam ciúmes nas mulheres

Nenhum homem é de ferro… e as mulheres também não. Os ciúmes aparecem quase sempre em torno dos mesmos motivos e ameaçam deixar qualquer mulher à beira de um ataque de nervos. Saiba o que pode transformar a bela em monstro…


1.As saídas com os amigos. Um dos principais instigadores de ciúmes no sexo feminino é, sem dúvida, as saídas dele com os amigos – parece que há sempre tempo para os amigalhaços, mas nunca para a namorada; parece que só com os amigos é que os homens se conseguem divertir ou fazer programas engraçados. Pior do que isso, é pensar que, todos os juntos, não devem fazer outra coisa se não atrair e manter as atenções de outras mulheres.

2.Mulheres à solta. Já tínhamos referido as mulheres que sozinhas, em grupos de três ou em multidão, são o maior inimigo de qualquer mulher ciumenta, cujo maior medo é perdê-lo para outra. E os ciúmes nesse campo podem dever-se a qualquer coisa (inocente ou nem tanto), uma vez que as mulheres não suportam que o seu parceiro olhe, fale, ajude, comente ou toque outra mulher que não ela.

3.A mãe dele. Se há alguma mulher que consegue bater todas as mulheres em termos de provocar ciúmes, é a mãe dele. Para além de uma ligação especial e inquebrável, ele será sempre “o seu menino” e nunca haverá uma menina que realmente o mereça. As mulheres ciumentas não suportam isso e os longos telefonemas ou os recados dados de soslaio à mesa do jantar (sem ele ouvir) são mais do que suficiente para soltar o “monstro verde”.

4.Comparação com outras. É verdade que as mulheres são o tema dominante no que toca a provocar ciúmes no sexo feminino e se o homem passa a vida a comparar a sua mulher com outras, pior. Dizer coisas como “devias maquiarse mais como a Ana” ou “porque é que não te inscreves no ginásio onde anda a Filipa, ela está muito em forma”, vai acordar o lado ciumento de qualquer mulher, não só porque há uma chamada de atenção para o seu aspecto físico, mas porque ele anda a apreciar outras – provavelmente amigas, primas ou colegas de trabalho. Cuidado com as comparações, mesmo as mais inocentes.

5.Trabalhar até tarde? Se um homem começa a usar várias vezes seguidas a desculpa “tenho de trabalhar até tarde” porque não pode ir jantar ou ao cinema com a sua namorada, o mais certo é um ataque de ciúmes. “Agora o trabalho é mais importante do que eu?”, “Será que ele está realmente no escritório?”, “Talvez esteja a ter um caso com uma colega de trabalho”… serão os pensamentos dominantes das mulheres mais ciumentas.

6.Súbito interesse no visual. Quando, de um dia para o outro, um homem muda de penteado, renova o guarda-roupa ou inscreve-se no ginásio, uma mulher desconfia e não consegue esconder uma pontinha de ciúmes. “Será que é para mim ou para outra?” vai ser a questão mais óbvia e o ponto de partida para uma corrente de ciúmes que podem levar a acções como verificar as chamadas e SMS do celular, segui-lo ou aparecer de “surpresa” no escritório ou no local onde costuma almoçar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Psicologia e Cinema

Cisne Negro pelo Olhar da Psicanalise

O filme a princípio nos mostra claramente e antes de tudo a relação mãe-filha de uma forma simbiótica, manipuladora, obsessiva, castradora, possessiva e porque não dizer como na modinha de todos os blogs que li: “esquizofrênica”. O que acho engraçado é que 80% dos que escreveram nos seus blogs, creio que não tem noção nem de psicologia, psiquiatria e nem psicanálise para fazerem tais comentários, fora que além de tudo, um vira cópia descarada do outro, só para constarem que não são acéfalos.


Bom, voltando ao filme como eu falei acima, de cara percebe-se a relação mãe-filha que é o pilar para a estrutura do sujeito, sendo que toda mãe, é o nosso primeiro objeto de amor e com uma filha, isso é mais delicado se não há um terceiro para quebrar essa relação. No filme basicamente mostra o desejo de realização + frustração, posse, castração e obsessão da mãe para com a filha e da filha cujo se realizava em aceitar os caprichos de sua mãe, não tinha autonomia, vida própria, reprimindo seus desejos, sejam eles sexuais, psicossociais --- uma aparente normalidade no período anterior ao surto — a personalidade "como se" fachada obsessivo-compulsiva.

A mãe já demonstra claramente traços psicóticos. Sem vida social, trancada num apartamento, vivendo só para a filha e a vida da mesma, de uma forma de TOC, num misto de inveja, realizações e repressões e pintando rostos e umas pitadas psicóticas; não psicopatas ok gente?

E quando uma pessoa narcísica com mania de perfeição se depara com alguém que ele julga mais perfeito que ele? É o caso da Nina “personagem principal do filme” – ( todo TPB – transtorno de personalidade borderline tem traço narcísico) o insight da loucura começa a desencadear. Com isso, mexe com sua estrutura que estava ali, quieta e pronta para atuar, a loucura de todos nós, a loucura que reprimimos, que guardamos na caixa de pandora. Interessante quando ela se dá conta que já tem 28 anos, que não é mais a menininha da mamãe, que é uma mulher, que tem desejos, vontades não saciadas, pois, sua mãe queria uma filha assexuada. Então joga desesperadamente todos só bichinhos de pelúcia do seu quarto infantilizado.

Abrirei um espaço aqui para explicar só mais um pouco o desejo da Nina pela Lily e a simbiose com a mãe:

Para M. Klein já em 1960 antecipou os pontos de regressão e fixação da homossexualidade feminina numa etapa anterior a postulada por Freud, enfatizando o temor fundamental da menina em relação ao interior do seu corpo e a curiosidade e ataques sádicos dirigidos ao interior do corpo da mãe, tentando arrebatar-lhe o pênis cobiçado. Já Aisemberg (1986) diz que: “Todo vínculo vem de uma identificação ou toda identificação contém a história de um vínculo, história que reconstruímos quando na análise nos desidentificamos”. O mesmo autor ainda descreve três tipos de identificações sexuais, na mulher, que se encontram seriamente perturbadas na homossexualidade clínica:

1) A identificação com a mãe materna, fruto do desenlace da fase edípica, portanto, ligada à estruturação narcísica e ao desejo de ter e criar filhos;


2) A identificação com a mãe erótica, a mãe rival do Complexo de Édipo positivo. Resultado do desenlace edípico onde a mãe é identificada como aquela que se oferece ao pai como objeto de desejo. Identificação para a vida amorosa e erótica;


3) A identificação com o pênis do pai, e identificação com os aspectos ativos e penetrantes do pai interditor, que tira a filha do narcisismo com a mãe e a introduz no mundo externo, com o que já não será psicótica e nem perversa” (Aisemberg apud Graña,1998).


É necessário uma outra identificação com o pai, que confirma a menina como desejável na encruzilhada edípica. Se a expressão da experiência erótica feminina chega a ser tão problemática, a representação da sexualidade lesbiana o é ainda mais, pois rompe com as relações dominantes de gênero, ao excluir a figura do homem e colocar a mulher em uma posição de sujeito atuante, em vez do papel tradicional de objeto do desejo masculino. Assim, o desejo lesbiano na obra de escritoras brasileiras não só representa uma dimensão importante da sexualidade feminina, como também serve para expor e questionar o controle social sobre a sexualidade e o corpo feminino.

A lesbianidade abre um espaço para a realização pessoal e sexual da mulher, no qual a identificação com outro ser seu igual torna possível a auto integração do sujeito feminino. Como tem sido analisado pela teoria crítica contemporânea, as origens dessa identificação física e psíquica entre mulheres remonta ao semiótico (quando a criança encontra-se num estágio de perfeita simbiose com a mãe. Esse primeiro estágio de união influencia as relações posteriores do sujeito e determina na mulher um tendência à bissexualidade e a uma sexualidade mais fluida.

Conseguiram entender? Vamos voltar a falar sobre filme:

Pressionada por Thomas Leroy (Vincent Cassel), um exigente diretor artístico, Nina começa a fazer os exercícios repetidos que chegam levá-la a exaustão e a pressão psicológica torturante que beira a loucura por isso, de certa forma vendo mais calmamente o filme não concordo com o estereótipo do rótulo da esquizofrenia que virou moda agora todo mundo chegar e bater o martelo, sem darem conta que no filme mostra um retrato fiel do comportamento Borderline.

Nina (Natalie Portman), projeta seu EU na sua colega Lily numa paranóia de perseguição inexistente. Como ela sempre viveu em função da mãe, aos desejos e caprichos da mesma, não deve ter vivido sua adolescência que obviamente aflorou no momento errado. Suas alucinações e delírios ficam cada vez mais forte quando vai se aproximando o dia de sua estréia. Notem: ela visita a outra bailarina acidentada, qual ela no íntimo se culpa por estar em seu lugar, qual crê que a Lily teria o mesmo desejo dela, tanto que quando ela delira, tem a real noção que teria transado com a amiga, e tudo não passou de seus fortes desejos reprimidos, daí, voltamos à ligação mãe-objeto de amor, tanto é que quando ela transa, quem ela vê? a mãe.

A patologia ficou tão intensa que ao final você percebe que o maior inimigo dela, é ela mesma. E o balé entre a neurose e a psicose faz seu último ato: a morte, porque a neurose não suporta a loucura e a loucura transcende a neurose. Passamos daí, a analisar as circunstâncias do desencadeamento da psicose. Para cada sujeito, a foraclusão do “Nome-do-Pai” ficará evidenciada em articulação com as vicissitudes de sua história e seu processo singular de travessia da adolescência que ela não teve no seu devido tempo. Quando uma pessoa que entra na adolescência é como se estivesse andando sobre um abismo, uma ponte invisível. Então se a pessoa cai no abismo ela precisa de alguém que lhe jogue uma corda e a tire do abismo, ela não consegue sair do abismo sozinha.

Vamos pensar um pouco sobre a questão da loucura - Freud inverte a perspectiva psiquiátrica acerca dela. Para a psiquiatria, a loucura é (dês)razão, contra-senso, erro, e a verdade se encontra do lado do médico. A psicanálise se afasta dessa perspectiva ao demonstrar que o delírio é portador da verdade do sujeito. Ou seja, entre o louco e o saber psiquiátrico, Freud dá razão àquele.

Nina no ato final crê que matou sua maior inimiga, e dança com todo prazer, transcendendo a culpa, se sentindo livre do que mais a atormentava e quando sai do delírio, percebe que ela não matou a Lily e sim, enfiou o vidro do espelho nela mesmo. Daí, o ato final, a loucura retorna ao seu lugar, ela dança com perfeição.

A metáfora do filme é muito simples: da realidade à loucura é um leve assoprar... Tudo vai do normal ao patológico em fração de segundos, é só abri a caixinha de pandora – o cisne branco representa todo pé na neurose estabelecida, no padrão de realidade criado por quem? Por nossa família e pela sociedade, representa o bem, o bom...a pureza e o cisne negro é o surto, a loucura em ato, a dor, a psicose, a patologia dançando, a luxúria a carne, a inveja, o ódio encenando sem pudor, sem regras, livre, só quem é louco, é livre...não segue padrões,, são um retrato fiel desses momentos particulares. E mostrar que: “o nosso pior e maior inimigo somos nós mesmos.”

Caso queiram entender a relação Mãe-Filha, recomendo lerem o livro de Zalcberg chamado “A relação Mãe e filha” - editora Elsevier.

Semana que vem para fecharmos esse filme, teremos um olhar Junguiano.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

1 Aninho de blog

Quem diria chegarmos a 1 ano de blog.
Obrigado a todos que me aturaram esse 1 ano.
Thanks very much.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

8 Coisas que despertam o ciúme nos homens

Na “guerra” que é o amor e na “bomba” que são os ciúmes, os culpados nem sempre são os mesmos. Às vezes são as mulheres que revelam o seu lado ciumento, outras vezes são os homens. Curioso para saber quais os principais motivos que desencadeiam ciúmes no sexo masculino? Continue a ler.


1.Vestida para matar. Se é verdade que os homens adoram ver a sua mulher com um vestido super sexy, uns saltos altos arrasadores, perfumada e bem maquilhada, também é verdade que gostam de reservar esses visuais para os seus olhos apenas ou então para os momentos em que elas saem com eles. Se uma mulher sair assim para um jantar de amigas ou um almoço de negócios, os ciúmes não tardam a aparecer.

2.Atenção masculina. Os homens adoram apreciar mulheres, mas odeiam quando eles apreciam a sua! O lado ciumento de qualquer homem vai fazer-se notar se ele observar que algum “macho latino” está a mandar olhares, a tentar flirtar, a conversar há já muito tempo ou a chegar-se mais do que devia à sua mulher. Então se ela estiver vestida para matar, cuidado que pode haver cena de ciúmes…

3.Independência. Mulheres que gozam de uma saudável independência pessoal (fazem tudo o que lhes apetece, estão sempre activas e não dão contas da sua vida a ninguém), profissional (bem sucedida, respeitada, habituada a viagens de negócios) e financeira (não precisa, nem quer que ninguém suporte as suas contas) são o pior pesadelo de qualquer homem ciumento. Porquê? Simplesmente porque mesmo nos homens ditos “liberais” ainda existe, nem que seja bem lá no fundo, uma pontinha de machismo que defende que são os homens que devem cuidar das mulheres e que, por isso, elas “devem-lhes” eterna gratidão. Os ciúmes apertam porque uma mulher como estas tão depressa pode estar ao lado do seu homem, como fechar-lhe a porta para sempre sem pestanejar.

4.As amigas dela. Com o decorrer de uma relação, alguns homens esperam que a sua companheira largue tudo e todos para se concentrar exclusivamente nele, principalmente as amigas – e se forem aquelas que não gostam dele, então nem vê-las! Quando uma mulher não “obedece” a tal requisito, soltam-se os ciúmes.

5.Os amigos dela. Em matéria de ciúmes, só uma coisa pode ser pior do que as amigas – os amigos. Nomeadamente se são daqueles com quem ela passa a vida a trocar telefonemas, SMS, falar no Messenger e no Facebook ou então, pior, com quem tem um almoço mensal que cumpre religiosamente. Qual será o tema de conversa e porque é que ela não pode conversar comigo sobre isso, pensarão certamente muitos homens… infelizmente, esses pensamentos transformam-se muitas vezes em ciúmes.

6.Os amigos dele. Nem estes pobres coitados escapam aos ciúmes dos supostos amigos, principalmente se ela adora os amigos do namorado, não se importando de fazer programas em conjunto porque o “Diogo é super-divertido” ou porque o “Tiago é tão giro, nem sei como é que não tem namorada”… Para alguns homens, e mesmo tratando-se dos amigos (ou então por causa deles), é impossível controlar este tipo de ciúmes.

7.A família dela. A união de um homem e de uma mulher pode implicar, mais cedo ou mais tarde, a junção de duas famílias – o que pode ser positivo ou negativo. Quantas histórias já não ouvimos de alguém que tentou obrigar a sua companheira a escolher entre ele e a família? É verdade e infelizmente é neste tipo de atitudes que o pior tipo de ciúmes se pode transformar.

8.Os filhos. Sim porque, quer queiramos, quer não, um recém-nascido desenvolve uma ligação especial e única com a mãe, o que pode despertar os ciúmes num homem, fazendo-lhe sentir sozinho ou posto de parte. Nesta fase é comum uma mãe passar muito tempo com o bebé e negligenciar um pouco a vida a dois. Mesmo quando os filhos são maiores, pode surgir aquele ciúme inocente de que a mulher dá mais atenção e passa mais tempo com os miúdos do que com ele. Por norma, este tipo de ciúme é considerado amoroso e não tem uma conotação tão negativa… mas a verdade é que existe e é mais comum do que se imagina.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ciúme vs. Inveja

A ligação entre ambos é inevitável mas a verdade é que o ciúme e a inveja não são a mesma coisa. Enquanto o ciúme é motivado por algo que se possui e que se tem medo de perder, a inveja é motivada por algo que não se possui, mas que se quer ter ou então que não se quer que mais ninguém tenha. São muitas vezes confundidas, mas até legitimamente porque uma pode perfeitamente desencadear a outra.


Um triângulo de emoções


Não raras vezes utilizadas como sinónimas, as palavras ciúme e inveja são, na realidade, bastante distintas. Enquanto o ciúme está quase sempre associado a um potencial rival (por exemplo: uma criança que inveja o seu irmão recém-nascido; um marido que inveja uma nova amizade entre a sua esposa e um colega de trabalho), a inveja prende-se mais com bens materiais ou as características positivas de outra pessoa (por exemplo: uma mulher inveja o carro novo da sua amiga; um homem inveja o sucesso profissional do seu amigo). Se por um lado o ciúme é, no fundo, o medo de perder alguém; a inveja é querer que outra pessoa perca aquilo que tem, porque não a merece tanto quanto você. No primeiro caso, o foco central está na pessoa que pode tornar-se uma rival, que ameaça uma relação presente; no segundo, o foco central está num objecto material ou na forma de ser ou de estar e não na pessoa invejada em si.

Amor, ciúme e inveja

Em termos de relacionamentos, o ciúme e a inveja são muitas vezes misturadas, até porque são sentimentos que podem ser vividos em simultâneo, sendo que um pode desencadear e até intensificar o outro. Se uma mulher tem ciúmes de uma potencial rival, pode ainda sentir inveja se a “outra” tiver a forma física e o aspecto de uma top model. Um homem que tem ciúmes da sua namorada pode sentir inveja ao verificar que ela dá “mimos” que serão exclusivamente dele, ao seu irmão ou melhor amigo, por exemplo. Os ciúmes amorosos podem facilmente transformar-se numa inveja apaixonante.

O verso da moeda

Curiosamente, ambas as emoções podem ser vistas de uma perspectiva mais positiva: o ciúme pode ser a manifestação de uma simples vigilância ou compromisso em preservar alguém e a verdade é que uma pitada de ciúmes nunca fez mal a ninguém. A inveja, por sua vez, pode levar alguém a tomar acção, a arregaçar as mangas e deitar mãos ao trabalho para conseguir aquilo que não tem, mas que faz questão de ter.

Pecado mortal?

A inveja está na lista restrita dos sete pecados mortais que há séculos (diz-se que esta lista pode ter surgido no ano 590 d.C.) rege religiosos de todo o mundo, separando os “pecadores” dos “não pecadores”. Ter inveja é sentir ressentimento para com outra pessoa, simplesmente porque essa pessoa é ou tem algo que você não é ou não tem; para além disso, fomenta o desejo de que essa pessoa perca aquilo que é cobiçado. Na sua obra “Purgatório”, Dante vai ainda mais longe ao estipular que o castigo para este pecado – o desejo de ver alguém perder algo que você não tem mas queria ter – seria ter os olhos cosidos com arame, simplesmente porque quem tem inveja tem prazer nesse acto. Ou seja, invejar é também nutrir um ressentimento contra outro e os seus atributos ou pertences; é desejar, fazer com ou observar que alguém fique sem algo importante.

O ciúme desencadeia sentimentos de:


Medo de perda
Suspeição de traição
Raiva por causa de uma possível traição
Desconfiança
Incerteza
Solidão
Medo de perder companheiro(a) para outra pessoa, mais atraente, mais interessante, mais bem-sucedida…
Baixa auto-estima
Tristeza com a perda de algo importante
O desejo de proteger e preservar aquilo que tem

A inveja desencadeia sentimentos de:

Inferioridade
Baixa auto-estima
Ânsia de ter algo ou alguém
Rancor
Hostilidade ou malevolência para com a pessoa invejada
Vontade de possuir as características mais positivas da pessoa invejada
Vontade de fazer com que a pessoa invejada fique sem aquilo que é cobiçado
Direito, no sentido em que merece mais aquilo que a outra pessoa tem
Sentimentos de culpa relativamente à própria inveja e consequentes reacções
O desejo de obter aquilo que não tem
Motivação para melhorar, para conseguir aquilo que deseja