terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Complicações do Amor e Amor Patológico 8ª parte

Personalidade Paranóide


Pessoas com Transtorno da Personalidade Paranóide têm como característica um padrão de comportamento de desconfiança e suspeita constante em relação aos outros, de tal modo que atitudes sem intenções maldosas podem ser interpretadas como tal. As pessoas com esse transtorno supõem que os outros os exploram, prejudicam ou enganam, ainda que não exista qualquer evidência apoiando esta idéia.

Eles suspeitam, com base em poucas ou nenhuma evidência que os outros, incluindo a pessoa amada, estão conspirando contra eles e que poderão prejudicá-los subitamente, a qualquer momento e sem qualquer razão. Evidentemente não é necessário dizer como sofrem as pessoas que, infelizmente, deixaram que o amor surgisse por pessoas assim.

Personalidade Obsessiva-Compulsiva

A Personalidade Obsessivo-Compulsiva faz com que a pessoa tenha uma preocupação exagerada com organização, perfeccionismo e controle das coisas. Elas tentam manter um sentimento de controle através da atenção exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos, listas, horários ou formalidades, busca de possíveis erros, chegando a perder a noção do que é, de fato, o ponto mais importante da atividade.

Estas pessoas não percebem que os outros tendem a ficar muito aborrecidos com as inconveniências que resultam de seu comportamento obsessivo. Quando extraviam uma lista de coisas a fazer, por exemplo, passam um período de tempo incomum procurando-a, ao invés de terem iniciativa de recriar a lista perdida. O grau de exigência dessas pessoas para com os outros, de sua intimidade, é muito alto, tão alto ao ponto de causarem grande sofrimento.

Personalidade Borderline

O transtorno denominado Personalidade Borderline é uma das causas de sofrimento no relacionamento amoroso e deve ser diferenciado do Amor Patológico. O Transtorno de Personalidade Borderline é marcado pela instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem e nos afetos, além de ocorrer acentuada impulsividade, desde a infância.

O diferencial entre Amor Patológico e Transtorno de Personalidade Borderline é que este último apresenta alterações comportamentais sempre em várias situações ou em grande variedade de contextos. No portador de Amor Patológico, por sua vez, estes sintomas ocorrem apenas em relação ao companheiro mediante ameaça de ruptura do laço amoroso. O borderline não sabe e não suporta perdas, notadamente abandonos.

O grande diferencial entre as duas patologias é que o portador de Transtorno de Personalidade Borderline apresenta este quadro em uma variedade de contextos, ou seja, em relação à pessoa amada, havendo pois, normalidade psíquica nas demais áreas da atividade humana.
Transcrevendo nosso texto sobre Borderline, dizemos que “há pessoas, simpáticas e agradáveis aos outros, que se comportam de maneira totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. Para quem não lhes é íntimo, dão a impressão de pessoas compreensivas, carinhosas e muito simpáticas. Na intimidade, entretanto, são os grandes tiranos emocionais. São explosivas, agressivas, intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.... São pessoas com Transtorno Borderline da Personalidade”.

A patologia borderline, hoje em dia é, sem dúvida, uma problemática psicossocial importante, já que freqüentemente se associam a quadros de drogadição, alcoolismo e violência.

Certos autores comparam ao paciente borderline atual com os histéricos do final do século XIX e princípios do século XX. Consideram as patologias equivalentes e não sem uma boa dose de razão, considerando a histeria dita de caráter.


Transtornos no Controle dos Impulsos

São vários os transtornos onde os impulsos não são controlados. Entre essas alterações destaca-se, especialmente, o Jogo Patológico, o Comportamento Sexual Compulsivo, a Dependência Química, o Trabalho Compulsivo (Workahollic), Compras Compulsivas. Enfim estes são quadros onde a atividade voluntária está seriamente comprometida. Não é necessário dizer das condições de sofrimento que comprometem a vida de quem ama pessoas com esses transtornos.

Delírio de Ciúme ou Ciúme Patológico



Outra situação clínica grave e que deve ser diferenciada do Amor Patológico é um transtorno delirante persistente, do Tipo Ciúme, e cuja descrição clínica vem sendo realizada há mais de um século por diversos estudiosos. O delírio de ciúmes ocorre principalmente entre homens com alcoolismo crônico para os quais os eventos triviais são interpretados como provas da "veracidade" da deslealdade.

É difícil a distinção entre o Amor Patológico e o Delírio de Ciúme. Em ambos casos há medo da perda da outra pessoa ou do espaço afetivo ocupado na vida desta, além de correlação com auto-estima rebaixada, conseqüentemente, à sensação de insegurança. No entanto, diferentemente do Amor Patológico, o ciúme patológico aparece como uma preocupação infundada, irracional e irreal. O potencial para atitudes violentas e egoístas no Delírio de Ciúme também é destacado nesse quadro, que desperta importante interesse da psiquiatria forense (Ferreira, 1998).

Para melhor descrever o Delírio de Ciúme, selecionamos aqui a descrição publicada pelo manual norte-americano DSM.IV. O transtorno delirante persistente Tipo Ciumento se aplica quando o tema central do delírio diz respeito a estar sendo traído pelo cônjuge ou parceiro romântico.

Esta crença é injustificada e está baseada em inferências incorretas apoiadas por pequenas “evidências", como por exemplo, roupas em desalinho ou manchas nos lençóis, que são colecionadas e usadas para justificar o delírio. O delirante geralmente confronta seu cônjuge ou parceiro e tenta intervir na infidelidade imaginada, ora restringindo a autonomia do cônjuge ou parceiro, ora seguindo-o em segredo, investigando o amante imaginário ou agredindo o parceiro.

Delírio Erotomaníaco


O delírio do Tipo Erotomania, também faz parte dos Transtornos Delirantes Persistentes, e se aplica quando o tema central do delírio diz respeito a ser amado por outra pessoa. O erotomaníaco está convencido que alguém, geralmente sem nenhum vínculo pessoal com o delirante e de posição superior, o ama (Veja).

Já no Amor Patológico ocorre uma oscilação entre certeza e incerteza de que o parceiro atual (e concreto) esteja amando-o. O delírio freqüentemente envolve um amor romântico e união espiritual idealizada, ao invés de atração sexual. A pessoa sobre a qual esta convicção delirante é dirigida geralmente está em uma posição social superior, como por exemplo, uma pessoa famosa, um superior no trabalho, algum artista, ator, político, etc.

Algumas das pessoas com o delírio Tipo Erotomaníaco, particularmente os homens, entram em conflito com a lei por causa de seus esforços no sentido de alcançar o objeto de seu delírio, ou seja, o assédio da pessoa que supostamente ama-os, ou as tentativas de “salvar” essas pessoas de algum perigo imaginário.
















Transtornos Afetivos


Nesse caso temos os transtornos depressivos e os eufóricos (bipolares). Na depressão, quando aguda e bem definida (começou em uma época definida), a pessoa tem um comportamento apático, desinteressado e, por causa da baixa auto-estima, está sempre insatisfeita com as manifestações de amor que recebe. Considera sempre que não está sendo correspondida o tanto que gostaria, sofre (e faz sofrer) por acreditar que o fato do(a) outro(a) deixá-la ou substituí-la é apenas uma questão de tempo.

Nos casos onde a depressão é crônica e duradoura (Distimia), a característica principal é um constante mau humor, difícil de se conviver.

Na Euforia (contrário de depressão), também conhecida como Mania, a eloqüência, megalomania, desinibição social, agitação, insônia e todos os demais sintomas de expansão patológica do ego tornam a vida a dois insuportável. Resumindo, causa sofrimento amar pessoas cuja tonalidade afetiva proporciona depressão ou euforia.

Continua...

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