quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Como escolher uma abordagem – parte 2 final


Para escolher uma abordagem, é necessário conhecer sua (1) filosofia de homem, (2) a maneira como descreve as relações dos homens com o mundo e (3) seu sistema de intervenção, críticas e pesquisas sobre seus resultados. Neste texto, discutirei brevemente cada uma dessas características. O objetivo é que, em posse de informações, os estudantes possam decidir melhor sua abordagem.


FILOSOFIA

Vou explicar sobre filosofia de forma bem simplificada. As diferentes abordagens compreendem o humano de maneiras particulares. Enquanto a psicanálise e a análise do comportamento são deterministas, o humanismo e o existencialismo descrevem o homem com mais liberdade. Há abordagens que consideram o homem como um ser indivisível (análise do comportamento e alguns cognitivistas) e outros o separam em mente e corpo (psicanálise, humanismo). Algumas abordagens consideram o homem como um ser com uma busca, outras não estipulam qualquer natureza humana.

Antes de escolher uma abordagem, é necessário investigar qual delas tem uma visão de homem mais compatível com a maneira como você compreende o mundo. Outra opção é se deixar convencer por novas visões de homem. Abordagens mais voltadas para a ciência tendem a ser mais deterministas e não estabelecer natureza humana; abordagens mais filosóficas entendem o homem como um ser em busca de realização, mas possuem pouca ou nenhuma confirmação de seus resultados. A melhor alternativa é estudar e estudar antes de escolher.



HOMEM E MUNDO E OBJETO DE ESTUDO


Um pouco baseada na filosofia, cada abordagem tem uma teoria de como homem e mundo se relacionam. A abordagem cognitiva, por exemplo, enfatiza a importância do pensamento na construção dos comportamentos e sentimentos. A psicanálise foca processos inconscientes como os determinantes do homem. A análise do comportamento, por sua vez, enfatiza mais variáveis ambientais que estão fora e dentro do homem como causas dos comportamentos.

O aluno também deve prestar atenção ao objeto de estudo de cada abordagem. Para os analistas do comportamento, por exemplo, a Psicologia deve estudar o comportamento, compreendido como relação entre respostas externas e internas e o ambiente externo e interno. Os psicanalistas preocupam-se com a dinânica dos investimentos inconscientes. A ciência cognitiva foca pensamentos, crenças e regras. Novamente, somente estudo pode ajudar o estudante a tomar uma decisão.


SISTEMA DE INTERVENÇÃO E PESQUISAS

A filosofia e a teoria sobre a relação homem e mundo determinam o sistema de intervenção de uma abordagem. Há indicações sobre como lidar com todos os transtornos conhecidos? Existe uma literatura detalhada sobre intervenções em diferentes contextos? Existem pesquisas mostrando a efetividade das intervenções propostas? Como são feitas as críticas a cada abordagem?

A melhor maneira de responder a essas perguntas é procurar por revistas científicas (ou journals internacionais) sobre a abordagem. Livros podem ajudar, mas é nos artigos que as intervenções são, de fato, avaliadas.
DICA MINHA


Pessoalmente, escolhi a minha abordagem baseado em sua estreita relação com a ciência. Conheço colegas que escolheram abordagens por elas terem sistemas teóricos FÁCEIS de serem aprendidos. Outros, por preferência estética (a abordagem falava de modo bonito). Acredito que meus colegas tomaram a decisão errada.

Psicólogos são profissionais que lidam com pessoas em dificuldades. Temos que oferecer a elas um serviço de qualidade, e não um serviço baseado em nossas preferências. Portanto, sugiro que você escolha uma abordagem analisando, prioritariamente, seus resultados e pesquisas. Lembre-se que você será um profissional e deve ser competente ao intervir.

Boa sorte.


Robson Brino Faggiani


Postei essa reportagem por achar que tem tudo a ver com quem esta começando em psicologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário