terça-feira, 23 de novembro de 2010

Complicações do Amor e Amor Patológico 5ª parte

Evolução do Amor ou mudanças no Comportamento Amoroso?



As mudanças no comportamento amoroso não significam mudanças no sentimento do amor. Os índices crescentes de divórcios e separações, a fugacidade dos relacionamentos, o grande número de pessoas que moram sozinhas, homens e mulheres se casando mais tarde, a diminuição do número de filhos, maior número de famílias mantidas exclusivamente pela mulher (Jablonski, 1998; U. S. Census Bureau, 1998), são constatações que sugerem alguma mudança nas relações amorosas.


Não há dúvidas de que o comportamento amoroso mudou, talvez em decorrência das mudanças ocorridas na sociedade em geral, em decorrência da liberdade sexual ou como conseqüência da crescente preocupação hedonista das pessoas, enfim, a certeza é que o comportamento amoroso atual tem outras características.

O comportamento amoroso sofre também influências da sociedade de consumo, como se vê no excesso de comercialização do amor romântico. Usa-se do amor para vender tudo; de pasta de dentes a jóias, de seguros de vida a cerveja. Não se produzem obras de cinema e novela onde os romances não sejam exaustivamente explorados.

Na mídia, indiferente se ela imita a vida ou vice-versa, especialmente cinema e televisão, o amor costuma ser o tema central da felicidade e, por isso, é presença obrigatória nas grandes produções, quer estejamos na pré-história ou na guerra nas estrelas. Reforçando preconceitos e fornecendo estereótipos, a mídia televisiva, cinematográfica e de imprensa enfatizam uma excessiva preocupação em se obter um relacionamento amoroso como condição primordial para se viver em sociedade.

O amor aparece na conjuntura atual como um bem desejável, uma espécie de roupa indispensável para se viver em sociedade, uma condição de se apresentar socialmente. Se a pessoa não está “amando” alguém, esse insucesso é acompanhado de sentimentos de culpa, baixa da auto-estima, depressão... Veja, por exemplo, seriados como Sex and City.


A procura por um parceiro costuma ser entendida como um destino biologicamente e emocionalmente traçado para o ser humano. Biologicamente atendendo à procriação da espécie e, emocionalmente, em atenção ao prazer que podem obter as pessoas que não querem, não precisam ou não podem mais procriar, mas, não obstante, podem amar.

Apesar desses dois destinos naturais do ser humano, o que pode ser mais bem pensado é a supervalorização desse determinismo bio-emocional, é questionar se estamos mesmos obrigados a esses grilhões platônicos a ponto de se considerar “impossível a pessoa ser feliz sozinha”.

Outra peculiaridade da mídia é seu tratamento paradoxal em relação à duração do amor. Se existe nas obras literárias e de cinema um apelo para que o amor ardente ou a paixão desatada e insaciável sejam eternos, sugerindo nos finais felizes das estórias em que fulano ficou com cicrana para sempre e perdidamente apaixonados, por outro lado, nas revistas (femininas, masculinas, para adolescentes), a rotatividade dos relacionamentos é a norma. Sem dúvida, é bem verdade que as pessoas deixam se inspirar pela arte e pela mídia, a qual vende padrões de comportamento amoroso.

Em alguns casos o amor acaba sendo sinônimo de sexo, principalmente para as mulheres. Na ânsia de conquistar um lugar ao sol, ou seja, na afoiteza de ter um “amor” para poder participar da sociedade em igualdade de condições, pode ser que as concessões ao objeto “amado” aumentem muito.


Nesse caso, se houve alguma mudança não foi precisamente do amor, mas sim do sexo. Antes o amor era um sólido pré-requisito para que as mulheres se relacionassem sexualmente, agora algumas tentam segurar um relacionamento permitindo sexo nos primeiros encontros, porque “se ela não ceder ao sexo, a outra o faz”.

É assim que o sexo passa a ser o indicador do amor, ou seja, enquanto tiver sexo bom e empolgante, o amor existe. Mas essa falsa idéia não é monopólio das mulheres. Em alguns casais, pode ocorrer de um dos parceiros se queixar de não haver mais sexo, logo, conclui não haver mais amor. Na realidade, o alarme deveria ser disparado quando não há mais beijos calorosos e, é melhor saber; o amor também comporta o sexo, mas não é só o sexo.

Continua...

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