quinta-feira, 28 de julho de 2011

Hoje é dia de falarmos de Hipnose

Programação Neuro-Linguística


Richard Bandler e John Grinder desenvolveram esse conjunto de
teorias e técnicas baseados na observação detalhada do trabalho de
três terapeutas que conseguiam resultados impressionantes. São eles:

Fritz Perls, o inventor da terapia Gestalt; Virginia Satyr, terapeuta
familiar de renome; e especialmente Milton Erickson, que a esse ponto
já dispensa apresentações. Esses expoentes da terapia faziam o que
parecia ser feitiçaria, e foram estudados em detalhes todos os aspectos
das suas práticas para que elementos pudessem ser apreendidos e
praticados por outras pessoas. Esses elementos incluíam suas
estratégias de comunicação verbal e não-verbal e refinamentos do
carisma individual de cada um. A partir desses dados Bandler e Grinder
desenvolveram a sistematização de uma técnica de comunicação que
visava extrapolar mesmo o ambiente terapêutico e otimizar as relações
interpessoais em outros setores.

A Programação Neuro-Linguística (PNL) vem se mostrando uma
disciplina efetiva e o tempo dedicado ao seu estudo e prática me foi
muito proveitoso.

Abaixo relaciono alguns dos princípios e técnicas da PNL, com
breves explicações. É claro que há sutilezas e refinamentos associados
a todos os tópicos da PNL que extrapolam os objetivos deste texto.

Porém toda informação que se consegue aprender pode vir a ser útil ou
servir de base para pesquisas futuras.

Sistemas Representacionais: segundo a PNL, toda comunicação vai
ser representada dentro da mente utilizando idéias relacionadas aos
sentidos. Os principais seriam o visual, o auditivo e o cinestésico. Em
cada pessoa, entretanto, a utilização de um dos sistemas seria
predominante. Embora os três funcionem ao mesmo tempo, um deles
seria constantemente predominante em determinada pessoa. Dessa
forma, a população seria também dividida em visual, auditiva ou
cinestésica, conforme o sistema representativo mais utilizado.Os

auditivos seriam minoria, limitando-se a alguns músicos ou outras
pessoas para as quais os sons fossem a principal fonte de informações

a respeito do ambiente. Os cinestésicos seriam pessoas que prestariam
especial atenção aos estímulos que podem ser percebidos pela pele,
como a pressão, a textura e a temperatura. Por definição seriam
pessoas mais relaxadas e de gestos mais lentos, “bonachões”,
valorizando o conforto e o contato físico. Os visuais, na outra ponta,
seriam dinâmicos e propensos à ansiedade, de movimentos rápidos e
interessados na praticidade, formas, cores e design. A maior porção da
população hoje seria predominantemente visual.

Essa divisão propõe-se a ser útil porque de antemão já se sabe a
quais características de um objeto ou situação uma certa pessoa vai
responder melhor. Para vender um carro a uma pessoa cinestésica,
você deverá saber que o conforto poderá despertar seu interesse,
enquanto uma pessoa visual estará mais interessada na aparência,
praticidade e desempenho. Da mesma forma a argumentação a que ele
vai responder: “Acompanhe o meu ponto de vista”, “Sinta a situação”,
“Ouça o que eu digo” e assim por diante.

Em terapia, muitos mecanismos de processos patológicos, como as
fobias, estariam associados ao sistema representacional onde o
estímulo é verificado, e abordar este processamento é uma estratégia
para a solução.

Pistas Oculares: as diferentes regiões do cérebro tem funções
também diversas. Bandler e Grinder perceberam que a ativação de
certas regiões correspondia a um certo movimento dos olhos,
automático, como um reflexo que mostrasse que esta determinada
região está sendo solicitada. Este movimento seria constante para o
indivíduo, e na população em geral a maioria esmagadora seguiria o
esquema que se segue:

1 Olhar para a esquerda e para cima: evocando imagens da
memória, como em quem está lembrando algo.

2 Olhar para a direita e para cima: imaginando uma cena, como em
quem está planejando ou inventando.

3 Olhar para a esquerda e para baixo: conversando consigo mesmo,
ponderando.

4 Olhar para a direita e para baixo: experimentando uma sensação.

As outras posições do olhar também são significativas, mas não tão
fáceis de perceber e correlacionar.

Essas informações são extremamente úteis para perceber o que

está ocorrendo com o interlocutor, e suas aplicações variadas. Além de
perceber, pode-se influenciar o processamento de informações pelo
interlocutor, ao dispor a comunicação no espaço com gestos e olhares
que atraiam o olhar da outra pessoa para certas direções, resultando na
ativação seletiva do cérebro. Se você pedir a alguém que descreva a
aparência da sua casa, essa pessoa possivelmente vai olhar para cima
e para a esquerda. E se você desejar apresentar um projeto ou uma
idéia, o aproveitamento será melhor se você atrair o olhar do
interlocutor para a direita (dele) e para cima enquanto fala. Isso desde
que você tenha verificado de antemão como é o funcionamento dessa
pessoa em especial com relação às pistas oculares e sistemas
representacionais.

Espelhamento: no estabelecimento espontâneo de rapport verificase
que as pessoas agem em espelho, isto é, respondem aos atos do
interlocutor imitando inconscientemente seus gestos. Se são amigos
em um bar, por exemplo, bebem quase ao mesmo tempo, e quando um
troca de posição há tendência do outro acompanhá-lo. Esse fenômeno
pode ser provocado intencionalmente, induzindo rapport e aumentando
a efetividade da comunicação. Podem ser espelhados a posição do
corpo, a respiração, o ato de piscar e ainda outros. Esta técnica pode
ser utilizada para otimizar a comunicação ou mesmo induzir transe.

Também podem ser espelhadas as idéias, ou incorporadas ao
próprio vocabulário palavras utilizadas pelo outro. Sempre se
acompanha alguém inicialmente para então poder criar afinidade e
influenciá-lo.

É importante ter em vista que o rapport é uma via de duas mãos, e
ao ocorrer é sempre genuíno. É um fenômeno complexo e inconsciente,
sendo composto por mais itens do que se poderia controlar
intencionalmente. Afeta-se e se é afetado, sempre. Algo como dançar.

Ancoragem: âncoras podem ser entendidas como gatilhos para
desencadear respostas condicionadas. Um estado emocional pode ser
evocado quando nos deparamos com algum item associado à situação
específica. Sentir um perfume semelhante ao da namorada que o
abandonou há anos poderia fazê-lo experimentar uma angústia
profunda, mesmo que você não se desse conta do odor em questão.

Ou talvez você nem lembrasse dela, mas ficasse tristonho “sem
motivo”. E da mesma forma todos nós temos lembranças que estão
associadas a itens aparentemente sem relação, mas que estavam presentes no episódio original e que podem evocar essa lembrança ou


uma resposta inconsciente semelhante.

Em PNL é praticado este condicionamento intencionalmente. Ao se
perceber um estado emocional que pode ser aproveitado, como
atenção, ou alegria, ou disposição para o trabalho, este estado pode
ser associado a algum estímulo e posteriormente desencadeado com
algum sucesso pela repetição deste estímulo. Exemplifico: quando um
paciente estiver falando sobre sua mãe, o terapeuta pode assumir uma
postura específica. Mais tarde, ao reassumir essa postura é possível
que o paciente volte a falar sobre sua mãe, ou pense nela, ou
apresente certos sinais referentes àquela situação, como a expressão
facial ou os olhos marejados, se for o caso.

Qualquer estímulo pode ser uma âncora: toques posturas, tom de
voz, certas palavras, atos específicos, luminosidade ambiente, músicas,
tudo.

As âncoras vão funcionar excepcionalmente bem quando o estado
ancorado for um estado alterado de consciência, mas pela repetição
pode-se produzir muitos condicionamentos mesmo em vigília e de
atitudes banais.

Outras tantas vezes os problemas das pessoas são exatamente
seus condicionamentos, que devem ser expostos e eliminados, levando
a pessoa a ser fluida e poder apresentar comportamentos novos.

Especialmente na vida familiar, ocorrem dinâmicas ruins, que se
repetem inevitavelmente, empobrecendo as relações e trazendo
sofrimento.

Metamodelo: é um refinamento da linguística pelo qual se percebe
no discurso do paciente as suas limitações de percepção do mundo e
das situações, e que oferece recursos para confrontá-lo com elas,
levando-o a construir em sua consciência um novo modelo mais rico
que o anterior e que ofereça maior variedade de respostas possíveis.

Através de perguntas específicas busca-se completar as sentenças
que o paciente profere e nas quais ele inconscientemente omite itens.
Simplesmente porque não os percebe, porque são inconscientes para
ele.

É um estudo realmente fascinante, exposto em um livro que merece
citação, A Estrutura da Magia, de 1975, por Bandler e Grinder.

Linguagem hipnótica: em PNL são estudados recursos para utilizar a
linguagem como forma de eliciar respostas. Tais técnicas são derivadas
especialmente da observação do trabalho de Milton Erickson. Vários

pequenos requintes na comunicação aumentam a eficiência global do
discurso. As frases podem ser entremeadas por conjunções,
associando a veracidade de uma à outra. Frases que exprimam
verdades de verificação simples são encadeadas, predispondo o
ouvinte a aceitar a próxima (“yes set”). Trabalhar com pressupostos.

Dar a ilusão de escolha. Usar citações. Sugerir indiretamente. Sugerir
diretamente quando oportuno. Criar potencial de resposta, ao deixar o
interlocutor curioso.

O mais importante: saber que se a resposta obtida não foi a
desejada, é porque a comunicação foi inadequada e uma estratégia
diferente deve ser experimentada.

Ressignificação: ao mudar o contexto de um sintoma ou
comportamento, ele pode não desaparecer, mas pode muito bem deixar
de ser um problema. Ressignificar pode esgotar o conteúdo emocional
de uma situação e acabar com a fixação patológica da atenção. Ser
capaz de observar as coisas por diversos ângulos permite ver
possibilidades onde havia perdas, e defeitos como qualidades em
ocasiões propícias.

Na semana que vem falaremos sobre "Terapia de Vidas Passadas"

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